Entrevista: Luiz Lennon (Beatles Cavern Club)

O paulista Luiz Antônio da Silva é o fundador do Beatles Cavern Club, o mais antigo fã-clube brasileiro ainda em atividade. Aos 49 anos, continua em plena atividade na beatlemania, promovendo sempre eventos e shows com entrada gratuita na capital paulista. Confira um papo com Luiz Lennon sobre Beatles, Beatlemania, George no Brasil, histórias interessantes, folclores, entre outras coisas.

Há quanto tempo existe o Cavern Club, por que e como foi criado?
O BBC foi imaginado em 1.976 após a morte de Newton Duarte, o BIG BOY, um grande cara e uma pessoa que todos nós sonhamos em ser um dia. Ele era fera e após a sua morte criamos o Cavern Club, que sempre visou reunir pessoas, agitar grandes festas e divulgar Beatles. Foi isso que eu sempre fiz, a família sempre ficou em segundo plano, o meu amor à causa beatle sempre foi maior que tudo e continua sendo, pois em 24 anos já realizamos mais de 40 shows em praças públicas sempre com as melhores bandas cover de cada época. Só na Praça de República (centro de SP) realizamos uns 20, sempre de graça. Como Beatles passa de pai para filho, queremos que o Cavern Club consiga o mesmo.
Um dos primeiros sócios do fã-clube foi o conhecido Marco Antonio Mallagoli, que inclusive fazia parte da diretoria, até partir para criar seu próprio clube. Quando aconteceu o rompimento entre vocês e como?
Quando o Mallagoli foi à minha casa querendo saber como ser sócio e participar, o Cavern Club já era conhecido e com muitos sócios e colaboradores. Ficamos unidos durante 1 ano, mais ou menos. Depois, houve um rompimento e cada um foi para um lado. Ele acabou tendo a sorte e o mérito de conhecer o Lennon pessoalmente. Outras coisas só posso dizer que é folclore.

O que exatamente voce diz que é folclore?
Eu considero o Marco Antonio Mallagolli um grande meninâo. Como fã a gente sempre comete exageros e tenho certeza que o que foi publicado dizendo que o john vinha ao Brasil assistir Carnaval e que mandou disco de ouro um pouco de folclore, um pequeno exagero.

Sobre o rompimento só posso dizer que ele não podia ver uma câmera de TV que ficava todo afobado e logicamente gerou ciúmes, pois o pai da idéia era eu, aí então foi um para cada lado e boa sorte aos dois, né? Ficou alguma mágoa de fã pois quando a gente só pensava nos Beatles, o fã clube era muito forte e com o rompimento os dois saíram perdendo. Ele jogava as pessoas contra mim. Lembra-se daquela estória de colocar uma marca de giz no châo? Ele se considerava o quinto beatle, só ele sabia das coisas e vice e versa, porém eu tinha a certeza que as coisas não eram do jeito que ele mostrava. Tem histórias folclóricas para muitos anos, quem sabe um dia, nas minhas memórias?

Você poderia dizer que hoje são amigos novamente?
Foram 14 anos de rompimento e graças ao Jayme Marques, um grande cara, que vivia pegando no pé dos dois, hoje nos falamos novamente e a vida continua.

Os fãs dos Beatles sempre sonharam com uma reunião da banda. E os fãs paulistas, eles podem sonhar com uma união Cavern-Revolution?
De 1.995 para cá eu deixei a polêmica de lado e passei a frequentar e me aproximar mais dos fãs que adoram o Mallagolli e consegui fazer boas amizades. Tem aqueles que acham que só existe o Revolution e evitam bater papo com a gente, mas eu não ligo. Não deveria ser assim, mas tudo bem. Às vezes eu penso comigo: preciso trabalhar mais e tentar sempre fazer coisas legais para que vejam que eu sou boa pessoa.

Você não respondeu: Revolution e Cavern Club podem se unir novamente?
Acredito que pelos fã de hoje não haveria nenhum problema, já pensei em realizar grandes eventos e o Marcos já se prontificou a tocar com a sua banda, mas seria legal nós dois pensando somente em Beatles em um palco, apresentando umas 20 bandas, que tal?

Qual o seu momento máximo como beatlemaníaco?
Graças a Deus foram vários: quando estivemos com o George; quando estivemos com o Paul graças a Claudia Tapety de Recife; quando fui a LONDRES e LIVERPOOL em 95; quando fui convidado a participar do projeto “o artista por ele mesmo” da editora Martin Claret (sp), procurei convence-los que seria fundamental termos um livro sobre os Beatles em catálogo em português e outro sobre o PAUL. Neste momento eu contribui como fã e o fã brasileiro saiu ganhando com os dois volumes, vendidos nas bancas a 5 reais. Isso em 1993.

O nascimento de minha primeira filha cinthya lennon; especial de uma semana na TRANSAMERICA FM sobre os Beatles, em 79; o especial sobre John Lennon na TV Bandeirantes em 1980; conhecer a Cinthya Lennon e o Pete Best em 95; ter nascido a minha filha, Elizabeth Harrison em 2001…. existem ainda dezenas de fatos, mas os mais marcantes estão mencionados acima.

Você esteve com o George quando ele esteve aqui no Brasil em 1997?
Taí algo em que eu não acredito. Mais uma vez ocorreu algum exagero. Gostaria de ver fotos ou outros detalhes da presença dele incógnito em SP em1997 ou outra época. Sempre é bom termos a presença deles por aqui. Cadê o RINGO?

Com muito atraso finalmente o BCC lança o seu website. O que você espera da Internet?
Eu espero o principal, mostrar trabalho, competência, ter novos amigos e contribuir para a grandeza da Beatlemania no Brasil. Em outros países ela sempre foi forte e sempre será.

você irá comercializar beatle-material no site?
Sempre achei legal dividir o pouco que eu tenho com outros fãs, aliás é fundamental difundir a Beatlemania, e esta é uma das formas.

Como surgiu a idéia do website?
Eu tenho tentado criar uma página desde agosto de 2001, porém quem ia fazer a página prometia e depois nunca tinha tempo, até surgir o meu contato com um amigo de longa data o Jose Carlos Almeida (você conhece?).

Qual a sua opinião sobre a fabricação e venda de discos piratas no Brasil?
Uma grande idéia dos anos 80 foi a fabricação em SP de discos de vinil, o famoso bolachão, com gravações inéditas dos Beatles e das carreiras solo. Foram feitos uns 10 titulos diferentes, uma grande sacada para a época. Acredito que muitos de nós tenhamos em casa algum desses. A coisa chata é que foram vendidos como sendo discos importados e por um preço super caro para a época. Depois fizeram um oficial do Michael Jackson, Policia Federal descobriu tudo e deu um rolo danado. A porta da boa idéia se fechou, uma pena.

Você poderia citar algum título entre esses “falsos importados”?
Eu não lembro todos os titulos, mas eram… Complete to the king (Paul Mcartney), Abbey Road (capa dupla), tinha um com a trilha do filme Let It Be (duplo). O selo é branco com uma foto dos Beatles em preto e branco em volta da cadeira e a gravadora era uma tal “Manto Records”.

Você produz alguma pirataria?
Inicialmente eu tenho somente transformado do formato vinil para o CD.

Sua família te acompanha nas aventuras do mundo beatlemaníaco?
Em festas sim, nas beatle-correrias não.

Se você pudesse escolher um só momento para reviver, escolheria o encontro com o Paul ou com o George?
Seu eu pudesse reviver, eu escolheria sem dúvida, o contacto com o George. Foi o primeiro, o mais díficil e pela beleza daquela época, onde os valores eram outros e muito mais importante do que hoje. A gente era mais feliz e não sabia.

Concluindo: fale-nos um pouco sobre o evento em homenagem ao George.
Todos os anos eu faço momentos como este, para a gente se reunir com a galera e através da boa musica relembrar e comemorar em grande estilo a presença em nossas vidas deste 4 rapazes de Liverpool, que nos mostraram uma maneira de ser felizes, tendo bons amigos a nossa volta e tendo o prazer de ser beatlemaníaco. Os preparativos e a ansiedade tomam conta da gente, pois vem muita gente de longe e precisamos ser bons hospitaleiros . Teremos 6 bandas ao vivo, sorteios e muitas surpresas. A Thais harrison [N do E: nossa colunista Calico Skies] e o Marcus Rampazzo irão roubar a cena pelo carisma que os dois têm. Ambos são bem tímidos… (risos)

Só pra lembrar:

Tributo a George Harrison
Acontece no dia 23 de fevereiro (sábado), a partir das 21:00h., no Hemisfério Sul Restaurante (Av. Ipiranga 958 – Centro – SP). Participação das bandas Acustic Beatles, Plastic Soul, Beatkids e Zoombeatles. Participação especial de Marcus Rampazzo (Beatles 4ever) e Calico Skies.

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